Snoop Not
Segundo o Priberam, o dicionário de eleição da tua grammar nazi favorita, os vícios podem ser definidos como defeitos ou imperfeições, práticas frequentes consideradas pecaminosas ou dependências motivadas pelo consumo de determinadas substâncias. Okay, eu sei que isto mais parece uma aula de português, mas sinto que esta contextualização foi a forma ideal para abordar o tema que me sugeriram: cannabis. Oh sim, vamos falar do four twenty com antecedência - se bem que o Festival do Avante foi este mês e é quase a mesma coisa.
Agora que ganhei o gostinho por tópicos polémicos, vamos lá falar das discussões que uma plantinha tão inocente causa.
LEGALIZAÇÃO: SIM OU SOPAS?
Se calhar sou uma pessoa muito ingénua que olha para o mundo de forma utópica, mas realmente não consigo perceber o mal tão grave sobre o consumo de cannabis. Na minha cabeça, a legalização do seu consumo tem mais "prós" que "contras", desde a supressão de economias paralelas a uma melhor fiscalização do que realmente é vendido - porque já ouvi dizer que há quem venda a plantita com misturas estranhas e isso, sim, é grave. Além disso, faz-me confusão saber que uma planta comprovadamente benéfica para determinados transtornos e que não é tão má quanto isso quando casualmente consumida é a linha que separa um vício aceitável de outros. Por que é que o açúcar, as gorduras processadas, o tabaco, o álcool são tão pouco controlados e quase incentivados a ser consumidos e queimar uma folha é punível na lei? (Já para não falar do paradoxo que é ser ilegal consumir erva no seu estado natural mas ser permitido comercializar todo e qualquer produto com o seu estrato. Não sei se já reparaste, mas vendem-se cerca de 459 produtos derivados da bela florzita enquanto a dita cuja continua a ser um tabu. Irrita-me solenemente).
Depois há ainda outra questão (que se adapta a tantos outros temas fraturantes): quem apoia a legalização de algo não tem, necessariamente, de ser lesado relativamente ao assunto. Dando o meu exemplo - eu não fumo; mas isso não significa que tenho de ser contra as outras pessoas poderem fumar. Mas, claro, eu não fumo porque sou uma lástima.
A MENOS FUMADORA DA ALDEIA
É verdade. A pessoa super fixe que tu lês todas as quartas-feiras não sabe fumar. Chocante, não é? Eu sei que não é uma atividade particularmente difícil, mas a verdade é que a minha falta de jeito ultrapassa toda e qualquer possibilidade de eu ser uma fumadora com alto cenário.
Até poderia não fumar por causa de todos os malefícios que a atividade implica, mas a verdade é muito simples:
1. Eu não sei sequer acender um isqueiro sem recear arder as minhas sobrancelhas assimétricas ou queimar o polegar.
2. Todo o ritual de inspirar, travar e expirar dá-me tosse e obriga-me a fazer figuras ridículas em público (especialmente numa altura de covid, onde partilhar as minhas gotículas é altamente desaconselhado).
3. Pegar num cigarro? Também não sei fazer. Acho que o meu corpo tem essa falha anatómica e não consegue agarrar num cigarro sem parecer uma patareca desengonçada.
Agora que dei a minha opinião sobre um tema tão controverso e tenho zero experiência no ramo farmacêutico, gostava de saber o que pensas. Legalizar a erva é assim tão prejudicial para a saúde ou toda esta discussão acontece sem um motivo suficientemente válido? Em termos de prejuízos para a saúde e para a carteira, qual é a diferença entre uma ganza e um bolo de chocolate com recheio de doce de leite e cobertura de açúcar? Deixa-me a tua opinião aqui nos comentários ou no nosso Instagram para podermos debater este assunto.
Só para o toque final, queria agradecer ao @desgr4cio pela sugestão do tema. Vemo-nos na próxima semana!