Conteúdo frágil
Por muito que me custe admitir, eu sou frágil. Quer queira, quer não, arranjo sempre forma de me aleijar e ficar com uma ferida qualquer. Sou mesmo uma florzinha de estufa (e desta vez não me refiro ao facto de ser drama queen). Assim, venho dar-te a conhecer alguns dos imensos episódios que marcam - literalmente - a minha aparição no planeta Terra. Vamos a isso?
Começo por realçar que as minhas lesões costumam surgir de forma para lá de aleatória, não me autoproclamasse uma lástima com pernas.
NÃO BATO BEM DA CABEÇA
Esta frase era óbvia. Mas agora vou dar motivos para complementares o teu argumento. Quando eu era um pequeno feto a mexer por onde não devia na casa da minha avó, a porta de um bar caiu-me na tola. Mesmo em cheio, por sinal. De facto, aquilo foi tão certeiro que, por momentos, alucinei e pensei que tinha visto o menino Jesus. Claramente uma loucura. Fun fact: esta é a história que me impede de rapar o cabelo. Graças à minha cusquice natural, tenho uma depressão (como aquelas da estrada) que me amolgou a cabeça e agora me impede de ter uma careca digna de AirBender.
Outro episódio digno de série televisiva foi quando eu, antiga menina de coro, estava em pleno concerto e desmaiei em cima dos holofotes. Foi todo um momento caricato, especialmente porque as minhas colegas "achavam que eu estava a brincar" e eu fiquei apenas ali esquecida enquanto cantavam o "Kumbaya". Depois admira-te que eu não diga coisa com coisa até aos dias de hoje.
O BASKETBALL ODEIA-ME
É uma afirmação polémica, acredito. Só que incrivelmente factual. Ora, eu sempre fui aquela alminha pouco desportiva que apanhava as bolas com a cara (sendo esse um dos motivos pelos quais não tenho aqui fotos minhas - não fizeste mal a ninguém para ver as deturpações da minha face), mas nunca pensei fazer fraturas tão absurdas.
A primeira aconteceu no básico, quando uma colega abusou no passo picado e lá me entortou o dedo. Fiquei com uma tala na mão direita e, não fosse isso suficiente mau, ainda caí de um lance de escadas dias depois. Como podes calcular, a minha rica mãozinha não ficou no seu melhor estado. Já num passado mais recente (que é como quem diz no secundário), estava eu toda armada em Shaquille O'Neal quando, de forma incógnita, parto o dedo mindinho. Leste bem. O dedo mindinho. Quando dou por mim, está azul e inchado que nem uma bata doce, e eu ali a tentar resolver o mistério que o deixou naquele estado.
NÃO SOU BEM-VINDA EM BIBLIOTECAS
Acho que é senso-comum o facto de as bibliotecas serem locais que privilegiam o silêncio. Há pessoas a ler, a estudar ou apenas a existir, e convém que não haja barulhos incómodos. É uma informação bastante clara e compreensível - que ainda não foi assimilada pelos meus ossos. Parece estranho, eu sei, mas como idosa presa num corpo de jovem, eu estalo por tudo quanto é sítio.
A minha mais recente mossa veio do nada. Isto do teletrabalho obriga as pessoas a estar sentadas ao computador muitas horas e, por muita atenção que tenha à minha postura, acho que desloquei suavemente o meu ombro esquerdo. O que é um enigma, especialmente porque sou dextra. Enfim... a única coisa que sei é que, doravante, sempre que mexo o braço estalo, de modos que componho toda uma banda sonora nos meus movimentos.
Mas esta não é a única! Há anos que, saberei lá porquê, o meu tornozelo direito estala. Assim do nada. Apenas lhe apetece. Por isso, voltando à introdução sobre bibliotecas, consegues imaginar que não sou a melhor companhia quando lá entro. Ou quando passava pelos corredores vazios e com eco da minha faculdade. Porque sou uma pessoa muito subtil e discreta.
MENÇÕES HONROSAS
No âmbito das notificações de mérito, destaco o facto de entalar os dedos mais vezes do que as que me orgulho (seja em elevadores, portas de casas e carros ou gavetas), sendo muito provavelmente esse o motivo pelo qual não sou assim grande espingarda em trabalhos manuais. Além disso, tal como as ancas da Shakira não mentem, as minhas também não, esbarrando em tudo quanto é quina de móvel.
Confesso que só me faltava ter caído de caras quando nasci mas, tanto quanto sei, acho que escapei a esse momento. Sinto que sou uma sobrevivente dos trambolhões que, por obra e graça do Espírito Santo, ainda não se desfez. Mas olha: podia ser pior. Ao menos tenho histórias (mais ou menos) engraçadas para contar. Acredito que também já tenhas passado por algum episódio do género, por isso conto contigo nos comentários para me contares tudinho!