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Eu, Lástima

Opiniões, histórias e desabafos de uma lástima ambulante.

Eu, Lástima

Opiniões, histórias e desabafos de uma lástima ambulante.

Conteúdo frágil

24.02.21, Lástima

Por muito que me custe admitir, eu sou frágil. Quer queira, quer não, arranjo sempre forma de me aleijar e ficar com uma ferida qualquer. Sou mesmo uma florzinha de estufa (e desta vez não me refiro ao facto de ser drama queen). Assim, venho dar-te a conhecer alguns dos imensos episódios que marcam - literalmente - a minha aparição no planeta Terra. Vamos a isso?

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Começo por realçar que as minhas lesões costumam surgir de forma para lá de aleatória, não me autoproclamasse uma lástima com pernas.

NÃO BATO BEM DA CABEÇA

Esta frase era óbvia. Mas agora vou dar motivos para complementares o teu argumento. Quando eu era um pequeno feto a mexer por onde não devia na casa da minha avó, a porta de um bar caiu-me na tola. Mesmo em cheio, por sinal. De facto, aquilo foi tão certeiro que, por momentos, alucinei e pensei que tinha visto o menino Jesus. Claramente uma loucura. Fun fact: esta é a história que me impede de rapar o cabelo. Graças à minha cusquice natural, tenho uma depressão (como aquelas da estrada) que me amolgou a cabeça e agora me impede de ter uma careca digna de AirBender.

Outro episódio digno de série televisiva foi quando eu, antiga menina de coro, estava em pleno concerto e desmaiei em cima dos holofotes. Foi todo um momento caricato, especialmente porque as minhas colegas "achavam que eu estava a brincar" e eu fiquei apenas ali esquecida enquanto cantavam o "Kumbaya". Depois admira-te que eu não diga coisa com coisa até aos dias de hoje.

O BASKETBALL ODEIA-ME

É uma afirmação polémica, acredito. Só que incrivelmente factual. Ora, eu sempre fui aquela alminha pouco desportiva que apanhava as bolas com a cara (sendo esse um dos motivos pelos quais não tenho aqui fotos minhas - não fizeste mal a ninguém para ver as deturpações da minha face), mas nunca pensei fazer fraturas tão absurdas. 

A primeira aconteceu no básico, quando uma colega abusou no passo picado e lá me entortou o dedo. Fiquei com uma tala na mão direita e, não fosse isso suficiente mau, ainda caí de um lance de escadas dias depois. Como podes calcular, a minha rica mãozinha não ficou no seu melhor estado. Já num passado mais recente (que é como quem diz no secundário), estava eu toda armada em Shaquille O'Neal quando, de forma incógnita, parto o dedo mindinho. Leste bem. O dedo mindinho. Quando dou por mim, está azul e inchado que nem uma bata doce, e eu ali a tentar resolver o mistério que o deixou naquele estado.

NÃO SOU BEM-VINDA EM BIBLIOTECAS

Acho que é senso-comum o facto de as bibliotecas serem locais que privilegiam o silêncio. Há pessoas a ler, a estudar ou apenas a existir, e convém que não haja barulhos incómodos. É uma informação bastante clara e compreensível - que ainda não foi assimilada pelos meus ossos. Parece estranho, eu sei, mas como idosa presa num corpo de jovem, eu estalo por tudo quanto é sítio. 

A minha mais recente mossa veio do nada. Isto do teletrabalho obriga as pessoas a estar sentadas ao computador muitas horas e, por muita atenção que tenha à minha postura, acho que desloquei suavemente o meu ombro esquerdo. O que é um enigma, especialmente porque sou dextra. Enfim... a única coisa que sei é que, doravante, sempre que mexo o braço estalo, de modos que componho toda uma banda sonora nos meus movimentos.

Mas esta não é a única! Há anos que, saberei lá porquê, o meu tornozelo direito estala. Assim do nada. Apenas lhe apetece. Por isso, voltando à introdução sobre bibliotecas, consegues imaginar que não sou a melhor companhia quando lá entro. Ou quando passava pelos corredores vazios e com eco da minha faculdade. Porque sou uma pessoa muito subtil e discreta.

MENÇÕES HONROSAS

No âmbito das notificações de mérito, destaco o facto de entalar os dedos mais vezes do que as que me orgulho (seja em elevadores, portas de casas e carros ou gavetas), sendo muito provavelmente esse o motivo pelo qual não sou assim grande espingarda em trabalhos manuais. Além disso, tal como as ancas da Shakira não mentem, as minhas também não, esbarrando em tudo quanto é quina de móvel. 

Confesso que só me faltava ter caído de caras quando nasci mas, tanto quanto sei, acho que escapei a esse momento. Sinto que sou uma sobrevivente dos trambolhões que, por obra e graça do Espírito Santo, ainda não se desfez. Mas olha: podia ser pior. Ao menos tenho histórias (mais ou menos) engraçadas para contar. Acredito que também já tenhas passado por algum episódio do género, por isso conto contigo nos comentários para me contares tudinho!

Quem samba todos os males espanta

17.02.21, Lástima

Sim, tenho consciência de que hoje é quarta-feira de cinzas e que eu devia respeitar o calendário cristão e tudo mais. Mas eu não sou adepta do clube, de modos que este, para mim, é o dia em que venho falar do belo do Carnaval.

Não tivéssemos nós de ficar em casa a pensar nas memórias do passado, esta seria a semana da alegria, da folia e dos comas alcoólicos. A música a dar, uma vontade súbita de dançar a apoderar-se do nosso corpo e tudo era desculpa para uma festa de arromba. Ai que maravilha!

Mas, estava eu aqui a pensar para com os meus botões imaginários (porque a fobia só me permite usar esta expressão no sentido figurado), quando me deparei com a seguinte conclusão: as letras das músicas carnavalescas não têm qualquer sentido. Pelo menos para mim.

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CABELEIRA DO ZEZÉ

Comecemos com a música mais orelhuda e com menos sentido desta lista. Pelo que entendo, o Zezé tem muito cabelo e é mal visto pela sociedade? Não devo estar a apanhar nada do seu significado real, portanto fico à espera que me expliques nos comentários.

CACHAÇA NÃO É ÁGUA, NÃO

Foi com o avançar dos anos que eu descobri que, em parte, esta música contém um belo mote de vida: "Pode me faltar o amor/Disso eu até acho graça/Só não quero que me falte/A danada da cachaça". Profundo. E bastante revelador da minha pessoa.

(Eu tentei de tudo para que a capa deste vídeo fosse igual à dos restantes, mas não consegui. Anticlimático, eu sei, só que esta música é icónica e não a poderia deixar de fora.)

MAMÃE EU QUERO 

Vou estar num eterno dilema sobre a letra desta canção. Já pensei que refletisse alguma negligência parental porque há um bebé que chora. Já pensei que houvesse um duplo sentido porque... pronto... a chupeta tem de ser chupada. Só que depois lembro-me dos meus carnavais em miúda a cantar isto aos altos berros e não sei se estou preparada para assumir a realidade.

TA-HÍ

Esta letra bem podia ser de uma das músicas da Taylor Swift. A história de alguém que fez tudo para que a sua crush retribuísse o sentimento mas, no fim, deu tudo errado até podia fazer parte de um álbum dela. Só que com uma melodia menos deprimente.

ME DÁ UM DINHEIRO AÍ

Isto só pode ser sobre esmolas. Aliás, cá para mim esta narrativa foi feita pelos arrumadores de carros que, se lhes faltar a gorjeta, nos ameaçam destruir a viatura. Tenso, eu sei, mas com este instrumental qualquer história trágica parece ter um final feliz.

E foi isto que hoje trouxe para ti. Pode-me estar a faltar algum contexto histórico, pelo que aceito quaisquer informações sobre estas letras que muito me divertem (mas carecem de sentido). Se este texto foi uma tentativa de desvalorizar o Carnaval para parar de sentir saudades da época? Talvez. Vou invocar a Quinta Emenda.

Amor com amor se paga

10.02.21, Lástima

"É amor que sinto no meu coração", já dizia o poeta Emanuel. Se calhar até não. Eu juro que sou boa pessoa, só que todo este clima de mel e bombonzinhos não é para mim. O amor tresanda no ar. E já enjoa. 

Eu sei que o dia do Cupido se aproxima e, visto que uma querida gosta de estar a par das tendências, vamos lá falar do que importa: não, não é do 14 de fevereiro em específico. É do amor em geral.

Dia dos Namorados.png

"Amor é fogo que arde sem se ver". Por isso, como podes calcular, há muito burburinho que deve ser posto em pratos limpos o quanto antes no que toca a este assunto. Sinto que a lista que se segue já é uma missa repetida, contudo, dada a atualidade, nunca é demais relembrar estes pontos.

O AMOR NÃO ESCOLHE GÉNERO

Super chocante, não é? Quem diria que o amor não olha à genitália de cada um? (Não esperava que algum dia fosse escrever sobre tais órgãos aqui no blog, mas é como estamos hoje.) Voltando ao tema-chave: pouco importa a forma do teu pipi no que toca à atração por alguém, à paixão que poderás sentir e ao amor que nutrirás por uma pessoa. Pode parecer lamechas, eu sei, mas o que interessa é o caráter. E isso ultrapassa qualquer coisa.

O AMOR NÃO ESCOLHE IDADE

Como o nosso Toy diria, "coração que ama não tem idade". E eu dou-lhe razão. Confesso que ainda estou a tentar desconstruir este preconceito na minha cabeça porque há intervalos de idade que ainda me custam assimilar (especialmente daqueles casais que aparecem no TLC). Mas a relação não é minha. Eu não tenho nada a ver com eles e não sou ninguém para me intrometer na felicidade alheia. Não tenho quaisquer motivos para ser contra algo que faz outros felizes e nem sequer impede a minha liberdade individual. Se eles são felizes, então que o continuem a ser.

O AMOR NÃO ESCOLHE ETNIA

Outra declaração óbvia, claro está. É que nem sequer sei por onde pegar. Faz-me tremenda confusão saber que o tom de pele (entre outros fatores) ainda é um atributo de escrutínio alheio no que toca a uma relação conjugal - e não só. Não faz qualquer sentido alguém ser julgado pela "origem" e não pelos seus atos, de forma que é melhor eu me calar antes que me exalte.

O AMOR NÃO ESCOLHE CLASSE SOCIAL

Isto aqui parece que vem dos filmes em que alguém de uma família rica se apaixona por outro alguém de uma família pobre e, apenas por isso, se torna um amor proibido. Mas não tem de o ser. Tanto quanto sei, os sentimentos vão além da carteira. Ninguém tem "culpa" se nasceu num berço de prata ou num de palha, de modos que essa não devia sequer ser condição para influenciar a relação de alguém. Digo eu...

O AMOR ESCOLHE APENAS UMA COISA. CONSENTIMENTO

Pois é. Este tópico aqui merece muita atenção. Independentemente do que se possa passar na tua cabeça, há algo que nunca pode ser descurado: o consentimento mútuo. Podes gostar muito de uma pessoa mas, se ela não sentir o mesmo por ti, a única coisa que tens a fazer é deixá-la estar e tentar ultrapassar o heartbreak da melhor forma. Ninguém tem posse sobre ninguém e, por muito complicado que seja lidar com a rejeição, nós não temos direitos sobre o corpo dos outros. Isto que fique um ponto assente. (Se precisares de ajuda, pode ser que nos entretantos faça uma playlist de coração partido. Só naquela.)

Espero de alguma forma ter conseguido aproveitar este texto para passar a mensagem de que a escolha da nossa cara-metade é individual, pelo que não compreendo nem pouco mais ou menos o porquê de, em pleno século XXI, ainda existir tanto preconceito sobre quem namora com quem. De qualquer das formas, espero que tenhas gostado do que leste e que te sintas à-vontade para dar a tua opinião, tanto nos comentários como no Instagram. Acima de tudo, ama e deixa-te ser amad@ por quem quiseres. E tem um feliz dia de São Valentim!

Infectologia para totós

03.02.21, Lástima

Hoje, o texto vai ser tenso. Não só porque vou mexer na ferida e abordar a COVID-19, como também te vou apresentar um manual de instruções para te dares conta de alguns dos potenciais sintomas. E considerando que eu sou tudo menos especialista na área da saúde - e muitíssimo menos em infeções de qualquer espécie -, isto é como se fosse um guia de infectologia para totós (eu incluída). Nota mais ou menos importante: os sintomas apresentados são sérios e reais, as dicas nem por isso.

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FEBRE

Como existe muita gente negacionista ou simplesmente inconsequente, refletindo o seu QI equivalente ao de uma chalupa por desrespeitar as medidas de segurança, o meu conselho é o seguinte: come gelados com a testa. Mas desta vez não figurativamente. Se sentires que te sabe bem, provavelmente tens febre. Se porventura resultar num "brain freeze", é possível que não tenhas nada.

DORES DE CABEÇA 

Isto para saberes se tens dores de cabeça é simples. Ouve Maria Leal: se te doer, é porque antes estavas bem. Se estiveres só dormente ou, quiçá, a gostar, além das dores também sofres de alucinações - possivelmente causadas pela febre. Sabes que um mal nunca vem só.

PERDA DE OLFATO

Estás a ver aquelas meias todas suadonas que só usas para treinar e que provavelmente nem lavaste depois do confinamento de março de 2020 porque achavas que ias manter os treinos? Cheira-as. Das duas, uma: ou o odor desbloqueia qualquer obstrução nasal e ficas bem (a longo-prazo, vá), ou prova que realmente tens anosmia.

PERDA DE PALADAR

Mantendo a lógica do ponto anterior, eu apostaria numa sopa de malaguetas. É tiro e queda. À semelhança do que escrevi acima, ou desbloqueias qualquer entrave gustativo e aproveitas para por pimenta na língua (se fores daquel@s que só diz barbaridades sobre o estado atual), ou afinal tens mesmo disgeusia.

Mas agora vem a hora do mega plot twist. Sabes de que forma podes evitar fazer estes testes absurdos de sintomas ou, eventualmente, não sentir o que quer que seja relacionado com o bicho? Utilizando a máscara em todas as circunstâncias e mais algumas, lavando as mãos com regularidade, não pertencer a ajuntamentos e, no fundo, seguindo todas as normas de etiqueta respiratória regidas pela Direção-Geral da Saúde. Top xuxa mesmo!

Tu consegues.jpg

Numa nota mais séria, caso verifiques que tens nem que seja um destes sintomas (ou outros como tosse sem causa atribuível, dores de corpo e dificuldade em respirar), contacta a linha de saúde 24 (808 24 24 24) e obtém informação fidedigna sobre como deves agir. Não finjas que tens só uma constipaçãozinha e sê responsável. Cumpre o isolamento profilático caso sintas que podes ter a doença e, mesmo que não tenhas nada, cumpre o confinamento. Mantém-te a par da situação que o país enfrenta através de fontes como https://covid19.min-saude.pt/ e fica atent@ sobre as medidas que vão surgindo para o teu concelho/região. Agora, mais do que nunca, temos de ser sensatos.

Eu hoje brinquei com o tema, mas a saúde pública não é brincadeira nenhuma e temos o dever de ser agentes responsáveis. Não só por nós e pelos nossos. É por todos.