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Eu, Lástima

Opiniões, histórias e desabafos de uma lástima ambulante.

Eu, Lástima

Opiniões, histórias e desabafos de uma lástima ambulante.

Só, mas bem acompanhada

26.05.21, Lástima

Não queria vir para aqui com teorias de Gustavo Santos, mas acho que estou prestes a cair na esparrela. E como mais vale assumir a minha filosofia de esquina do que fingir que não a tenho, sigamos com mais um resultado das minhas divagações. Pois bem, demorei cerca de 21 anos a chegar a esta conclusão (sendo a compreensão lenta que sou), pelo que cá vai: estar sozinho é incrível. Fisicamente, pelo menos.

Ora, não me refiro a estar solteir@ ou com companhia. Estou mesmo a falar das situações super banais, mas que me dão um prazer extra quando as faço sozinha. Cozinhar com público? Blhec. Lavar a roupa e pô-la no estendal sem ninguém a ver? Meu deus, que rejúbilo. 

sozinha.jpg

Confesso que durante algum tempo tinha medo de não saber estar sozinha. Havia quase que uma relação de dependência entre mim e os meus, e o medo de estar a sós com os meus pensamentos era tal que o evitava a todo o custo. O que é parvo - especialmente porque acredito que é nesses momentos que nos conhecemos melhor e arranjamos mecanismos mais eficazes para ultrapassar certas adversidades que surjam. Este acaba por ser um processo moroso e até difícil, mas quando se chega ao outro lado da linha vemos que valeu a pena. 

Aliás, se não fosse este trabalho interno de amor próprio (arrisco dizer), acho que não teria riscado tópicos da minha bucket list tão cedo. Por exemplo, no outro dia fui à praia. Fiquei lá cerca de 3h sozinha, apenas a ver o mar e a sentir a areia nos pés (se calhar agora fui demasiado descritiva). Mas foi incrível. Nunca pensei que algo tão simples me soubesse tão bem. Uma praia deserta, a minha pessoa, uma toalha e um livro ou uns fones et voilá. A única parte chata foi quando vi 14 (sim, uma dúzia e mais um bocadinho) de pombos a caminhar na minha direção. Esse momento foi meio arrepiante.

No geral, fiquei surpreendida. Sentia-me plena e, mesmo que de forma paradoxal, acompanhada. Afinal a minha companhia não era tão má quanto pensava.

Outro exemplo de momentos incríveis passados comigo e mais ninguém é estar em casa. As tarefas domésticas já abordei ao leve no início do texto, pelo que acrescento agora as minhas idiossincrasias. É que eu sou estranha e, apesar de revelar partes da minha estranheza na Internet, gosto de manter certas loucuras próprias no desconhecimento.

Resumindo, concluindo e baralhando, apesar de ser uma tentativa de borboleta social que goste de se inspirar nos outros e fazer parte de momentos felizes, acho igualmente importante (e necessário) fazer um esforço para manter essa felicidade apenas comigo. Não sei se posso chamar a isto amor próprio ou narcisismo... Egoísmo, talvez? Também não sei. A única certeza que tenho, de momento, é que saber estar comigo permitiu-me alcançar a paz que achava que só seria alcançada com a convivência com outros.

Será isto a que se chama "uma conclusão da vida adulta"? Isto é sinal de que estou a crescer ou a tornar-me uma velha do Restelo que começou a desprezar interações humanas? Acho que é melhor parar com as divagações e ter a tua ajuda para chegar a uma resposta mais sensata. Ficarei à espera!

Problemas na engrenagem

19.05.21, Lástima

Este vai ser um desabafo sobre algo que me atormenta e sempre atormentou: bloqueios criativos. Sinto, mais vezes do que as que queria (e devia), que o meu cérebro está perro e não há nada que possa fazer para que ele volte ao seu estado natural. É como se, dentro de mim, existisse uma maré de ideias que vai e vem consoante quer, seja qual for a minha vontade. E isso frustra. E irrita. E mói.

Ainda não tinha contado nada por estas bandas mas, muito felizmente, encontrei trabalho numa área que adoro de paixão e não poderia estar mais grata por aprender tanto e conseguir exercer exatamente aquilo que gosto. E, como podes calcular, o meu emprego de sonho é brincar com as palavras e inventar novas formas de passar uma mensagem. Por isso, como muitas das minhas ideias e inspirações são canalizadas para o ganha-pão, acabo por esgotar o meu stock antes de vir para este meu diário digital.

Cérebro Estragado.png

E é agora que chega a parte da corda bamba. Por muito que adore o que faço - agora falando em termos não profissionais -, acaba por ser complicado ser original e engraçada a toda a hora. Vá, engraçada também já é demais (mas tento, pelo menos). Quer queira, quer não, sou o meu próprio entrave - especialmente porque sou perfecionista e coloco demasiada pressão sobre o que escrevo.

Além disso, também me sinto ingrata: tenho recebido um feedback incrível da tua parte, o que me motiva, mas estou numa fase de bloqueio e não quero publicar algo só porque sim. Quero escrever o que me dá na real gana e não apenas para manter a periodicidade que prometi que cumpriria. Sinto que pareço imenso aquelas youtubers que publicam um vídeo de 2 em 2 anos e começam logo com um pedido de desculpas mais que formatado.

Mas atenção: este não é um texto de despedida. É apenas um desabafo sobre este problema que me aflige e que acredito que também incomode quem trabalha com a criatividade - seja nas palavras, nas formas ou nos sons. Dentro das várias frustrações que já partilhei contigo, esta é mais uma. Passageira, espero.

Suor e lágrimas

12.05.21, Lástima

Uma das partes boas da blogosfera é poupar-te a ver a cara (e corpo) de quem escreve os textos. Não que tenha particular vergonha do meu ser, mas se me visses perceberias logo que desporto não é para mim. Talvez motivada pelos traumas que já me deu (que podes cuscar aqui), nunca senti o "Physical" da Olivia Newton-John com entusiasmo.

E sendo também uma vivida no mundo do exercício físico e mobilidade no geral, mesmo que não pareça, decidi expor as minhas irritações perante a prática desportiva. Ah pois, é que aqui a amiga já tentou jogar basket e ter aulas de karaté, fez natação, zumba (e inaugurei a Decathlon da minha região, um grande motivo de orgulho para quem não tem mais nada com que se gabar) e frequentou diversos ginásios. Material de queixume não deve faltar.

GINÁSIOS

Comecemos pelo espaço fechado repleto de corpos esculturais menos o meu: o ginásio. As minhas razões de desgosto com este imóvel não vão ter bem uma ordem - muito devido ao facto de nem saber por onde começar. 

Se me permites descrever este estabelecimento numa única palavra, escolho "desconforto". É que se não tenho pessoas mega fit e gostosonas a tirar fotos ao espelho enquanto eu pareço um alho francês fora do prazo, há aquele serzinho que se sente demasiado à vontade nos balneários, ou atletas de Instagram a ocupar as máquinas por estarem ao telefone (e claro que este poço de timidez não lhes vai pedir humildemente para extrair os seus glúteos tonificados do leg press).

Por fim, mas não menos importante, este é um espaço bastante propício a assédio e olhares desconfortáveis que, aliados a um niquinho de ansiedade social, criam a receita perfeita para uma ida sem volta.

Sobre o pessoal da musculação que geme durante o levantamento de pesos: um bocado chato, sim. Mas isso dava-me vontade de rir, por isso excluo da lista.

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DESPORTO NO GERAL

Agora abordando a prática de desporto, e apenas focando nas minhas modalidades mais duradouras, tenho a apontar o seguinte:

A natação meio que é uma atividade anti-gordos. Não quero estar aqui a ferir as suscetibilidades dos Michael Phelps desta vida, porém era assim que me sentia. Como divindade com mais quilitos para amar, não tinha a capacidade física dos colegas da minha idade, acabando por gerar trânsito durante os exercícios (e todo um ambiente tenso).

Já a abordar o zumba, revelo que ser a única aluna pertencente a uma faixa etária abaixo dos 60 anos era... diferente. Era como ver crianças do 2.º ciclo super amigas da malta do 12.º - mas em vez de fumar, nós dançávamos Reggaeton.

E pronto. Foi este o desabafo com vergonha alheia da semana. No fundo, no fundo, mexer a bunda e fazer exercício não é assim tão mau. Só que se eu falasse bem da coisa seria um tanto ou quanto fora do que costumo fazer. E queixar-me já ficou a minha marca. 

Se fores fã da vida ativa e saudável, tenho uma pergunta para ti: porquê? Se, por outro lado, preferires o sedentarismo ou tiveres passado por experiências como as minhas, estarei deste lado à espera que mas contes. Vemo-nos por aí?

Podcast? Só no WhatsApp

05.05.21, Lástima

Acho que já deu para perceber que eu sou uma pessoa de letras. Na verdade, até tirei economia no secundário e gosto bastante de números, mas é notória a minha paixão pela escrita. Não obstante, deixo de ser tão sua fã no que toca a mensagens.

Oh sim, chegou a hora do tão esperado debate: mensagens escritas ou áudios? Não percas o próximo episódio! Que é como quem diz o parágrafo seguinte.

Já que abri as hostilidades, admito logo que a minha ordem preferencial de interações humanas à distância é 1. chamadas, 2. áudios e 3. mensagens escritas. No meu grupo de amigos não presentes na blogosfera, eu sou uma louca chata. E é mesmo para não me sentir sozinha que estou a contar contigo e com a tua compreensão. 

Sendo também a autoproclamada pessoa das listinhas, consegues assumir o que vem de seguida.

MENSAGENS

Vou começar com a parte boa - que não é muita. Apesar de não ser o meu método conversacional preferido, tenho consciência da sua praticidade, na medida em que pode ser feito em quase qualquer lugar ou contexto, dando para ler de forma subtil sem ser preciso prestar muita atenção aos detalhes.

Só que há um 'contra' que afeta - e muito - a minha vida pessoal. Espero que seja só um caso do meu telefone, mas o queriduxo é super sensível (mais que eu, só para teres um termo de comparação) e come certas letras, fazendo-me perder tempo a corrigir as palavras que inventa. O pesadelo de uma grammar nazi.

Ugh... até escrever sobre mensagens escritas é aborrecido. Só por isso vai mais 1 ponto para os áudios.

ÁUDIOS 

E já que estou numa de provar que ser #TeamÁudios é uma felicidade eterna, vou despachar a parte má o quanto antes. Contrastando com a vantagem do meio opositor, tenho consciência de que nem sempre podemos pegar no telemóvel e pô-lo ao ouvido para saber o que a outra pessoa disse. Nesse seguimento, requer muito mais atenção e temos de garantir que vamos ouvir a palestra do início ao fim sem interrupções, o que obriga a uma disponibilidade diferente.

Além disso, também corremos o risco de sofrer com a possibilidade de o botão não gravar, tendo de dizer tudo de novo, incluindo risos. Se pensar bem, até me ajuda a ser uma melhor atriz, por isso até que ponto este é um lado negativo?

confissões no whatsapp.jpg

Pronto, chegámos à parte boa. Para começar, os áudios aproximam as conversas, oferecendo uma sensação mais 'real', quase como se fosse uma chamada telefónica e conseguíssemos ouvir em direto as reações da outra pessoa. Ainda por cima, permite-nos conhecer o tom. E o tom, senhoras, senhores e pessoas não-binárias, ajuda a reduzir conflitos. Confessa aqui à querida: quantas vezes não te chateaste com alguém porque leste uma mensagem e interpretaste de forma diferente à intenção de quem a enviou? Eu sei, toquei na ferida.

No contexto das conversas, há pelos menos mais duas vantagens: é menos provável ler erros ortográficos (o que me descansa) e não dá para ter emojis. Sim, disse uma verdade básica e comum. Só que existe sempre aquele amigo que não sabe quando deve parar com a bonecada, e a troca de ideias apenas com voz poupa-me a esses momentos. Uma coisa é colocar um "😂" maroto de quando em vez. Mas não é preciso ter "😋👋🧠👓💄🌈🦋🍓" a acompanhar um simples "olá". Não é, Francisco.

Por fim, ignorando agora o segmento 'pessoas com iPhone', dá um pouquito mais de trabalho guardar vestígios e provas da nossa fofoquice, uma vez que não dá para tirar prints. Todos sabemos que quanto menor o rasto, melhor.

Isto agora foi quase uma tese de mestrado para abordar um assunto tão irrelevante. E chegou a hora da derradeira pergunta: estás de que lado da cerca? Conta-me tudo nos comentários (e já agora justifica, que a amiga gosta de ler).

 

Numa nota especial, queria agradecer à @rafaela.edb pela sugestão de tema. Vemo-nos no próximo post!