Estúdio Ghibl-IA
Preciso de me queixar: por favor, parem de assassinar as animações do Estúdio Ghibli.
Como qualquer comum mortal apaixonado por animação, assim que vi o meu primeiro filme - no caso, A Viagem de Chihiro - foi um caminho sem volta. A delicadeza na imagem, a banda sonora épica e a profundidade de cada história prendem-me com um carinho tal que não me deixa ficar calada quando vejo esta nova trend nas redes sociais.
Possivelmente não estou a contar uma novidade mas, agora, todos os feeds andam infestados de ilustrações do ChatGPT a simular os desenhos de Hayao Miyazaki. São muito fofos, é um facto, mas continuam a ser um atentado à propriedade intelectual de uma equipa que, inclusivamente, já se manifestou contra o uso da Inteligência Artificial na arte.
Ver um estúdio que tanto se importa em criar personagens e cenários desenhados à mão, onde uma cena demora horas infinitas para ficar no ponto, ser usado de forma tão insensível magoa este coração frágil.
Não digo que não goste de uma boa réplica original, mas o livre uso da arte de outrem só para mais um post enerva-me. Enerva-me porque acho escusado, enerva-me porque acho injusto e enerva-me porque acho que abre um precedente para a não atribuição dos devidos créditos aos artistas.
Ainda, há que reforçar o abalo ambiental que é cada utilização num ChatGPT desta vida. Por muito útil que seja em certos casos, cada enter em qualquer plataformas destas depende de muita água e combustíveis fósseis. Não me quero alongar demasiado porque sinto não ter conhecimento suficiente para abordar este tema, mas quis mencioná-lo por saber a sua importância. Deixo aqui alguns artigos interessantes do National Geographic, do Diário de Notícias e da Organização das Nações Unidas (este já com um cruzamento de temas menos relacionado com o que mencionei anteriormente).
Com isto, não quero dizer que sou uma hater ou algo do género. Também não venho dizer que não uso softwares com Inteligência Artificial porque seria uma hipócrita a tentar dar lições de moral. Apenas gostava de refletir sobre um uso mais sensato que podemos ter com este tipo de ferramentas.
Não conseguimos evitar o uso da IA, mas podemos tentar atenuar a coisa. E há pequenas mudanças que ajudam. Deixo a dica: se usarmos o Ecosia, por exemplo, estamos a contribuir para um impacto ambiental mais consciente, onde cada pesquisa se converte na plantação de árvores, proteção de animais e ajuda a comunidades mais necessitadas. Se tiveres alguma outra sugestão partilha!
Eu e a minha t-shirt do Totoro fazemos este humilde apelo.