Eu vou, eu vou, para a faculdade eu vou
Setembro é um mês de novos começos. Quase tão ou mais importante que o reveillon, é a altura em que novas etapas se iniciam. Uns voltam para a rotina, outros tentam estar a bordo do que vão ser os seus próximos meses (ou anos) e há sempre um misto de medo e entusiasmo.
Para nós, pessoas mega jovens inconsequentes que ainda se encontram na rotina "casa-escola/faculdade", setembro é a altura do regresso tão esperado - até passarem duas semanas e voltarmos a morrer de saudades dos dias e noites de verão. Falando sobre as aulas, este mês também eu voltaria a essa prática constante dos meus dias. Mas, este ano, decidi parar. Até podia ser sobre isso que eu vinha falar (ou escrever), mas quero aproveitar este post para te contar a minha experiência na faculdade - pelo menos sobre os meus 3 anos de licenciatura.
Como já não deve ser de estranhar, a tua lástima favorita vai fazer as listinhas do costume para ser mais fácil abordar cada aspeto.
CURSO
A escolha do curso, como podes imaginar, é dos aspetos mais importantes para que a tua experiência na faculdade seja a melhor. Um curso errado pode dar azo a uma vida universitária menos boa, mas não te podes esquecer que nem todos acertam à primeira e que não há mal em voltar a ser caloiro num curso com o qual te identifiques mais.
Aliás, até podes ter entrado no curso que querias mas numa faculdade que não esperavas. Numa situação dessas, o melhor que podes fazer é dar uma oportunidade a essa escola - pode ser que te surpreenda pela positiva (é que nem todas as universidades cuja média é mais alta são efetivamente as melhores para ti).
Por exemplo, eu entrei em Ciências da Comunicação no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa - também conhecido como ISCSP (uma faculdade cuja abreviatura poucos conseguem pronunciar). Mas a minha primeira opção seria o mesmo curso na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa - a FCSH - porque a média era mais alta e eu tinha a ideia pré-concebida de que as faculdades cuja nota de acesso fosse mais elevada eram as melhores e "de elite". Claro que eu estava redondamente enganada - e fui-me apercebendo disso não só pela experiência que tive no ISCSP como pelas experiências que ia ouvindo de amigos meus que entraram na FCSH. (Nada contra essa faculdade, eu apenas quero passar a ideia de que as notas de entrada não dizem tudo sobre o sítio que escolhemos e pensamos ser o melhor para nós).
PESSOAS
Seguindo a mesma linha de pensamento do ponto anterior, não te podes esquecer que a tua vida académica vai ser marcada, sobretudo, pelas pessoas. São elas que vão contribuir para as tuas futuras memórias felizes. Eu sei que pode parecer um pouco assustador: chegas a uma cidade nova (na maioria dos casos), entras num ritmo completamente alucinante e perdes-te no encantamento de tudo estar a acontecer ao mesmo tempo. Isso é completamente normal. E não serás, decerto, a única pessoa a passar por isso. Tens centenas de serzinhos como eu ou como tu que passaram ou estão a passar pelo mesmo, por isso não paniques.
Uma das coisas mais giras da faculdade é a oportunidade que tens de conhecer gente de todos os cantos do país - e até do mundo. Vão surgir as amizades mais improváveis, os conflitos mais desnecessários, as ligações de curta duração e aquelas que vão durar uma vida. Tudo pode acontecer e é essa imprevisibilidade que torna toda esta experiência tão mágica (mesmo que não seja como os filmes a desenham).
FESTAS
Não te vou mentir. As festas da faculdade são tão míticas como dizem. Melhor que isso são mesmo os jantares de curso, onde vês toda a fofoca da semana a acontecer em direto. Gostaria de ter palavras para descrever o que é uma festa da faculdade, mas só consigo dizer que tem toda uma energia de outro mundo e que consegue tornar o funk mais azeiteiro numa música aceitável.
PRAXE
A praxe é um tópico polémico. Antes de entrar para a faculdade tinha imensos receios sobre o que poderia ser. Vi 583 vídeos de influencers e não influencers a contar as suas histórias e, após tanta pesquisa, acabei por criar uma imagem errada do que era. A verdade é que nem todas as praxes são magníficas. Mesmo que a praxe de um curso, no geral, seja fixe, haverão sempre dias menos bons em que te poderás sentir mais desconfortável. E estás no teu direito, como é óbvio.
Quando entrei para a faculdade decidi experimentar. Diverti-me imenso na primeira semana. E na seguinte. E na a seguir a essa. E na outra. E na outra também. Passei por todas as etapas de um caloiro e não me arrependo de nenhuma (mesmo com a minha fobia a botões que quase me impediu de trajar). Se tive momentos maus? Sim, alguns. Mas o que me fez ultrapassá-los foi o segundo ponto de que te falei: as pessoas. Porque, para mim, isso é que é a praxe - é o grupo de pessoas que nos acolhem e deixam pertencer a uma tradição que pode ser reinventada para melhor se assim o quisermos.
Com isto não quero dizer, de forma alguma, que é só através da praxe que podes conhecer pessoas com as quais te identifiques. Podes não gostar do tipo de atividades e conhecer os teus futuros bff's nas aulas, nos núcleos de alunos, nas festas ou até mesmo nos transportes. Peço-te só uma coisa: não excluas alguém só por pertencer a um "grupo" diferente do teu. Uma das coisas que lamento ter acontecido durante a minha experiência na faculdade foi a divisão entre membros da comunidade praxística e estudantes que apenas não se identificavam com isso. Ao te impedires de dar com alguém só porque tem (ou não) essa atividade extra-curricular, podes estar a perder uma pessoa incrível e a descartar uma possível amizade para a vida.
E acho que é isto que tenho para dizer. Resumir 3 anos tão intensos e tão marcantes numa página não é tão fácil quanto pensava, mas espero ter conseguido trazer a essência desta etapa tão importante na vida de alguns. Contudo, quero deixar um alerta: cada um tem o seu percurso e não deve ser delimitado ou comparado ao dos outros. Há quem decida seguir estudos mal acabe o secundário. Há quem prefira esperar um, dois ou três anos se assim o entender. Há, até, quem prefira não estudar e ter outras experiências. Todas são válidas.
Decidi escrever este post porque licenciar-me sempre foi um grande desejo meu e gostaria de ter encontrado algo mais específico sobre tudo o que iria viver. Mas não quero, de forma alguma, condicionar a tua perceção sobre o teu futuro. E, por isso, está agora na hora de me contares a tua história. Fala-me de ti. Diz-me o que pensas sobre a faculdade, se já a acabaste, se vais para lá, se decidiste não ir, etc. Quero saber tudo! (Podia dizer onde me poderias deixar as tuas histórias, mas penso que já sabes).