O mundo encantado da procrastinação
Ahhh é tão bom é fazer coisas. Assim no geral. Espicaçar esta minha pequena massa cinzenta e tentar criar algo útil ou divertido com ela. Pelo menos é assim que se rege a maioria dos meus dias. Vivo no mundo das pressas e não é costume apreciar os momentos em que fico com nada por fazer. Sempre que posso, estou metida em 1001 coisas só mesmo para não estar parada. Não obstante, há dias em que uma pessoa acorda e apenas quer ser um vegetal no processo fotossintético.
Atualmente, é o que tem acontecido em quase todas as áreas da minha rotina. Não sei se é stress, cansaço ou falta de inspiração, mas o que sucede é a consecutiva não realização de tarefas. Pelo menos no ritmo pelo qual gosto de as completar. Parece que quando a pressão aumenta, seja ela fruto da minha cabeça ou de motivações externas, a reação que tenho é "Oh, e se eu agora fizesse zero? Seria giro deixar esse problema para a Lástima do futuro". É como se eu estivesse a tentar colar as pontas opostas de dois ímanes: a vontade pode ser muita, mas a coisa não pega.
Então, procrastino. Quando dou por mim, estou num loop infinito de vazios e já nem sei onde está o touro que preciso de agarrar pelos cornos (figurativamente falado, que aqui a querida não aprecia touradas e eventos afins). E o que é suposto fazer nestes momentos? Como é que se combate a vontade de unica e simplesmente olhar para a morte da bezerra? E qual é a diferença entre procrastinar e sofrer de preguicite aguda?
Há quem diga que procrastina por medo de falhar. Com o mote "se eu nem tentar, o falhanço não é realmente meu", conheço muitos (alguns, vá; não vou fingir que tenho imensos amigos) que usam a procrastinação como um mecanismo de defesa a potenciais desilusões futuras. Depois, também já observei o fenómeno procrastinar-até-à-última-porque-a-pica-de-não-ter-tempo-faz-com-que-trabalhe. Confesso que este, apesar de comum, só de ver me dá cabo dos nervos. Por fim, sei de quem procrastina por estar stressado e se stressa por estar a procrastinar. O que me dá algum dó.
Seja como for, travar a procrastinação é um mistério. Da mesma forma que não sei como começa, não consigo entender como acaba. Sinto que, quando surge algum cenário mais complicado, há cérebros - tipo o meu - que, em vez de fazer um esforço extra e tratar do assunto, resolvem ir para uma caverna passar férias. O chamado Goodbye Maria Ivone.
Foi esta a reflexão da semana. Se procrastinei na redação do texto por estar cansadita e um quê desinspirada? Sim. Se tentei transformar o meu problema num tema para debate aqui neste diário digital? Também. Pode ser que resulte. E que partilhes comigo as tuas estratégias para combater este bicho. Ficaria eternamente grata.