Problemas na engrenagem
Este vai ser um desabafo sobre algo que me atormenta e sempre atormentou: bloqueios criativos. Sinto, mais vezes do que as que queria (e devia), que o meu cérebro está perro e não há nada que possa fazer para que ele volte ao seu estado natural. É como se, dentro de mim, existisse uma maré de ideias que vai e vem consoante quer, seja qual for a minha vontade. E isso frustra. E irrita. E mói.
Ainda não tinha contado nada por estas bandas mas, muito felizmente, encontrei trabalho numa área que adoro de paixão e não poderia estar mais grata por aprender tanto e conseguir exercer exatamente aquilo que gosto. E, como podes calcular, o meu emprego de sonho é brincar com as palavras e inventar novas formas de passar uma mensagem. Por isso, como muitas das minhas ideias e inspirações são canalizadas para o ganha-pão, acabo por esgotar o meu stock antes de vir para este meu diário digital.

E é agora que chega a parte da corda bamba. Por muito que adore o que faço - agora falando em termos não profissionais -, acaba por ser complicado ser original e engraçada a toda a hora. Vá, engraçada também já é demais (mas tento, pelo menos). Quer queira, quer não, sou o meu próprio entrave - especialmente porque sou perfecionista e coloco demasiada pressão sobre o que escrevo.
Além disso, também me sinto ingrata: tenho recebido um feedback incrível da tua parte, o que me motiva, mas estou numa fase de bloqueio e não quero publicar algo só porque sim. Quero escrever o que me dá na real gana e não apenas para manter a periodicidade que prometi que cumpriria. Sinto que pareço imenso aquelas youtubers que publicam um vídeo de 2 em 2 anos e começam logo com um pedido de desculpas mais que formatado.
Mas atenção: este não é um texto de despedida. É apenas um desabafo sobre este problema que me aflige e que acredito que também incomode quem trabalha com a criatividade - seja nas palavras, nas formas ou nos sons. Dentro das várias frustrações que já partilhei contigo, esta é mais uma. Passageira, espero.
