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Eu, Lástima

Opiniões, histórias e desabafos de uma lástima ambulante.

Eu, Lástima

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Tirar ou não tirar? Eis a questão

12.08.20, Lástima

Com isto da quarentena houve muita coisa que cresceu em mim. A procrastinação, o consumo de açúcares processados por minuto e, pior de tudo, o buço. Eu já nem posso chamar a isto buço - o que eu tenho na cara é uma bela bigodaça. 

A nova companhia do meu lábio superior já co-habita comigo há meses. Eu estou desconfortável, não gosto da sensação de um bigode na cara. Mas tenho medo: é que, se a sensação de cera quente na cara com um bucinho de 3 semanas dói que se farta, imagino meses. Na minha cabeça vou ficar sem epiderme.

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A parte boa é que vou poder esconder tanto o bigode farfalhudo que já faz parte de mim como a falta de pele que vou ter quando ele se for embora: a pandemia deu-nos máscaras! (Eu sabia que uma crise a nível mundial não podia ser inteiramente má). Com esta desgraça toda, vou poder tapar não só a bigodaça como a papada - mas esses são outros quinhentos.

E assim me surge uma grande dúvida sobre o buço (e depilação no geral): tirar ou não tirar? Como já tinha dito, ter muitos pêlos é algo que me deixa desconfortável. Por outro lado, eu sou um franganote mariquinhas que não sabe se está disposto (ou consegue) aguentar a dor da cera a escaldar na sua pele frágil. Devo ter coragem e voltar a ser a Lástima depilada de antes ou devo assumir que agora sou um Yeti e que já não há volta a dar?

Ir à depilação é toda uma experiência - e sempre que preciso de ir tenho um conflito interno. Já falei da dor, que é o fator óbvio que me coloca este dilema sob os ombros. Mas, como disse, ir à depilação é uma experiência por si, e há muita coisa que acontece (ou pode acontecer) que se enquadra mais na categoria de "contra" do que "pró".

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CONVERSA DE CIRCUNSTÂNCIA

Frequentemos ou não o mesmo salão há séculos, acontece sempre o mesmo: não há tema de conversa. Quer dizer, haver até há, mas como não existe uma grande relação entre o monstrinho peludo que somos e a esteticista, o leque de tópicos para falar é pequeno. Por norma fala-se sempre da mesma coisa - do tempo, da escola/trabalho, dos filhos, do quão difíceis são os meus pêlos, se a cera está a magoar, do covid (agora nesta época)... E quando já se falou disso tudo? Pois. Está na hora daquele silêncio constrangedor que todos adoramos.

CONTACTO VISUAL

Outra coisa que me deixa sempre à nora quando vou ao meu rico estabelecimento de depilação é o contacto visual. Até posso estar a pensar demasiado mas, na verdade, nunca sei bem para onde devo olhar (ou se devo ter os olhos abertos sequer). Parte de mim acha que ter os olhos abertos é mau por 2 motivos:

1. Não sei para onde olhar. Se estiver de olhos abertos, é suposto ficar a olhar para o teto ou para o dia de ontem? Claro que não posso fazer contacto visual direto com a esteticista porque é algo demasiado íntimo e intenso para se partilhar, mas se estiver fixada num candeeiro qualquer mais pareço uma maluquinha.

2. Pode ser perigoso. Convenhamos, estou com cera quente na pálpebra. Será que o mais prudente é ter os olhos abertos?

Por outro lado, se tiver os olhos fechados mais parece que estou a dormir ou desmaiada, o que também não me parece ser a postura ideal quando me estão a tentar dividir a monocelha em dois.

QUANDO NÃO FICA COMO QUERO

Acho que esta é a pior parte. O que é suposto fazer quando me olho ao espelho logo após a sessão e vejo que as minhas sobrancelhas mais parecem primas afastadas em vez de gémeas? Não dá para fazer Ctrl+Z na vida real, por isso sou obrigada a habituar-me ao facto de que a minha cara vai ficar ainda mais assimétrica nas próximas semanas. E acontece sempre isto: quando a esteticista me pergunta, com um sorriso na cara, se gostei eu apenas aceno com a expressão mais simpática que consigo ter enquanto choro por dentro.

E é por tudo isto que entro em curto-circuito quando preciso de marcar uma sessão de depilação. Tirar ou não tirar vai continuar a ser o dilema dos meus dias, pelo que preciso da tua ajuda para saber se o que devo fazer é aceitar o Chewbacca que há em mim ou voltar a ser o Rufus que era antes. Por isso, espero por ti no nosso Instagram ou na secção de comentários para me contares os teus episódios mais lastimáveis quando também vais à depilação. Até lá!

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